RELEMBRANDO... A VIDA E MORTE DE PETER SELLERS (2004)
"UM TRIBUTO DIVERTIDO, REAL E MARAVILHOSO AO MESTRE PETER SELLERS"
Peter Sellers foi um dos grandes comediantes existentes na história dos EUA. Sua incorporação nos personagens era tão intensa que além de um grande ator, Sellers também foi uma das pessoas mais problemáticas do cinema. Sua vida pessoal não foi recheada de alegrias como aquelas vistas em seus personagens. Casou-se várias vezes, criou diversas confusões no ramo cinematográfico e adquiriu muitos inimigos devido a sua difícil personalidade. Mais no fundo, apesar das muitas dúvidas que o cercavam, Sellers guardava carinho, amor, compaixão e principalmente, muito talento. Talento que lhe rendeu fama, reconhecimento e milhares de fãs no mundo inteiro.
Geralmente, em filmes biográficos, a pessoa biografada tende a ser exaltada e mostrada sem defeitos ou sem problemas pessoais. Mais é sempre bom quando aparece um trabalho onde o diretor consegue tanto mostrar o talento profissional daquela pessoa quanto apresentar também seu gênio difícil, suas dificuldades e seus problemas enfrentados na vida. Foi este um dos grandes êxitos de O Mundo de Andy (filme sobre a vida de Andy Kaufman, também um dos grandes e mais excêntricos comediantes dos Estados Unidos) e principalmente, foi à grande qualidade deste ótimo “A Vida e Morte de Peter Sellers”.
Aqui, o diretor Stephen Hopkins desenvolve a história deste grande gênio de um modo formidável. Sentimos na pele os problemas e o temperamento e arrogância de Peter Sellers, e também, seu notável talento para a comédia. Com isso, nus divertimos e se emocionamos ao ver de forma tão real, tocante e arrebatadora os sentimentos, as dores e a eterna tristeza que assolou desde sempre a vida deste grande profissional. E é uma pena, pois ao término do filme, percebemos que nossos grandes ídolos são na verdade pura interpretação, pois na realidade, seus verdadeiros “eu” só existe por trás das câmeras, lugar no qual é bem difícil de nós encontrá-los.
O roteiro do filme é baseado no livro escrito por Roger Lewis, e um dos grandes acertos do roteiro é mostrar, em certos momentos, o próprio Peter Sellers interpretando as pessoas com quem convive, uma forma deste justificar, através de si próprio, o seu temperamento difícil e esta sua personalidade tão estranha e vazia, onde só existem personagens e mais personagens, e não o mais importante: um SER HUMANO.
E além do eficiente roteiro e desenrolar da fita, outra grande qualidade do filme é a interpretação de Geoffrey Rush. Interpretar uma pessoa real já algo difícil que exige bastante do ator, e interpretar Peter Sellers é uma tarefa ainda mais difícil chegando ao impossível de ser fazer. Porém, Geoffrey Rush incorpora de tal forma e com tanta perfeição que acabamos esquecendo que quem está ali é Geoffrey Rush. Ele não deixa o personagem cair em algo caricato e realiza com maestria o modo de andar, falar, interpretar e etc. E como Peter Sellers era um sujeito onde se refugiava em seus papeis, Geoffrey interpreta também os famosos personagens de Sellers com uma perfeição e semelhança ao original que é de se impressionar. Sem dúvida alguma é uma das melhores performances que já assisti na história do cinema. Sentimos as dores, as tristezas, as dúvidas e acima de tudo, a alegria e competência de Sellers no corpo e no talento de Geoffrey Rush.
A Vida e Morte de Peter Sellers é um filme feito magistralmente com grande competência por Stephen Hopkins. Um trabalho onde não se exalta ou personifica a imagem de Sellers, e sim, mostra verdadeiramente seu jeito difícil e atordoado, mais é claro, sem deixar de lado o talento e a genialidade deste gênio. A Vida e Morte de Peter Sellers é um prato cheio para fãs do ator (como eu) e principalmente, para aquelas pessoas apaixonadas por cinema (como eu). Um belo e fabuloso clássico do cinema. E Rush só não ganhou um Oscar por que o filme foi feito somente para a televisão, mais valeu o reconhecimento com o Globo de Ouro.
Nota: