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Anticristo é um filme forte, tenso e que mexe profundamente com o psicológico de quem assisti. A obra fala de temas como dor, sofrimento, culpa e desespero de uma maneira impressionante. O sofrimento que é mostrado aqui é verdadeiro e angustiante, e em cada cena, Lars von Trier se despe de todo pudor e cria sequências ousadas que não poupa o público de ficar isento da pressão que a fita proporciona.

Depois de perderem o filho, um casal interpretado por Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg se muda para uma cabana na floresta Éden, e a partir daí, coisas estranhas e misteriosas começam a acontecer envolvendo a esposa de Willem e que consequentemente influenciará a si mesmo. A obra é dividida em prólogo e epílogo e ainda possui capítulos que se passam na floresta de Éden, tais eles: Dor, Luto, Desespero e os Três Mendigos.

Lars Von Trier foi um dos criadores do Dogma 95, um movimento cinematográfico no qual este, mais dois outros diretores criaram regras de como gravar um filme, deixando-o mais verdadeiro e menos comercial. Claro, que o diretor não seguiu na risca o seu Dogma 95 em todos os seus filmes, porém, neste Anticristo, podemos perceber certos detalhes muito parecidos com algumas das regras do Dogma, como por exemplo: as filmagens devem ser feitas em locais externos, não podem ser usados acessórios ou cenografia e a câmera deve ser usada na mão. Obviamente que o filme não segue na pauta essas duas regras, entretanto, Anticristo possui semelhanças, pois podemos notar que Lars von Trier em certas cenas usa somente uma câmera para filmar o diálogo entre os personagens e sempre esta câmera é posionada nas mãos e não em um suporte.

Outro detalhe curioso em Anticristo é que o longa possui apenas dois personagens, que é o tal casal da história. E mesmo assim, Trier não perde o rumo e consegue manter o ritmo tenso e criar, principalmente, cenas memoráveis. E o filme deve desagradar a muitas pessoas devido ao seu forte conteúdo explícito, porém, acima de tudo, Anticristo é um filme que tem pensar para entender todos os sinais e objetivos que Trier deseja transmitir com a história, e até mesmo as cenas de grande impacto fazem parte de um contexto e não soam em nenhum momento ofensivas e desnecessárias. Pelo menos para aquelas pessoas que conseguiram entender o objetivo do filme.

O elenco, Willem Dafoe (Homem Aranha) e Charlotte Gainsbourg (21 Gramas), é fantastico. Ambos possui uma interação surpreendente e são sem dúvida a alma da obra. Na minha opinião, Charlotte nunca havia feito antes um papel que cobrasse tanto de si e de seu talento, e com certeza, a atriz faz aqui sua atuação mais ousada e impressionante.

Anticristo é um filme que merece ser visto, e visto com extrema atenção. A direção de Lars von Trier é excepcional, e com certeza, ele é um dos poucos diretores que conseguem criar um clima de tensão usando somente uma câmera. Um dos melhores filmes do ano.

Nota:««««

Crítica por Matheus C. Vilela

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